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Piolhos? Tire essa ideia da cabeça!

Piolhos? Tire essa ideia da cabeça!

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Com o Agrupamento D. Lourenço Vicente tire os piolhos da mente!

A sociedade atual requer de cada pessoa, de cada empresa, de cada instituição, de cada nação a aspiração ao bem-estar, à liberdade, à segurança, à democracia, ao sucesso, à capacidade de adaptação a novas formas de organização social, de aprender em permanência, de processar e comunicar informação, de inovar, de rejeitar amarras, de melhorar, de tentar ir mais longe no plano da qualidade de vida coletiva e de cada cidadão em particular. No passado o povo português já viveu estes requisitos que constituíram os descobrimentos portugueses. Na altura, foi a bússola que os guiou, a ambição dos investidores, a audácia e coragem dos navegadores, a ousadia, a imaginação e o espírito inovador de um povo determinado em vencer o Vivemos outro momento histórico semelhante, mas com um ritmo mais acelerado e muito mais complexo. A relação com o saber e a capacidade de inovar são traços permanentes guiando todas estas transformações.

Em resposta ao desafio lançado às escolas pela Fundação Ilídio Pinho  surgiu o projeto “Piolhos? Tire essa ideia da cabeça!”, que foi concebido com recurso aos fundamentos da metodologia de projeto, numa perspetiva inter e transdisciplinar, enquadrando-se nas Orientações Curriculares para as Ciências Físicas e Naturais, cujo tema integrador, no 9º ano, é Viver melhor na Terra. O mesmo acontece com as restantes disciplinas/áreas: Matemática e Estudo Acompanhado. Em Educação Visual enquadra-se nos Elementos da Comunicação Visual, comunicação Visual e Design, conteúdos de 9.º ano. Esta abordagem potencia aprendizagens orientadas para a resolução de problemas reais, à escala local e até global, com recurso a parcerias com a comunidade. Além de constituir um projeto inovador, pelo facto dos alunos “produzirem” uma loção hidroalcoólica, com uma composição química definida por eles, é também passível a utilidade empresarial do projeto, com a sua produção industrial e posterior comercialização.

O esboço do projeto foi nascendo concomitantemente com a negociação de papéis dos diversos “actores comprometidos”.

Partimos da identificação da situação-problema: o nosso Agrupamento, com cerca de 1850 alunos, todos os anos é confrontado com a presença de piolhos nas cabeças dos vários alunos. São tomadas diversas medidas, mas pouco eficazes. O desafio:

  • Porque cria resistência o agente patogénico aos produtos que existem no mercado?
  • Que plantas têm princípios ativos para combater os piolhos de forma eficaz?
  • Qual é a melhor embalagem? Como fazer o rótulo? O que é uma ficha de segurança? Qual é o nome da loção?
  • E muitos outros... 

Com base nas várias hipóteses os alunos foram produzindo uma loção que fosse eficaz e não provocasse resistência ao agente patogénico, com os melhores requisitos!

Ao utilizar os extratos naturais de plantas minimizamos a resistência dos parasitas ao princípio ativo. A molécula sintética provoca, como está cientificamente provado, resistência com maior facilidade. Estes parasitas constituem uma praga centenária e impossível de eliminar de forma permanente. O Pediculus humanus capitis (vulgo piolho da cabeça), de cor castanho-acinzentado, é ainda visto em muitos locais e por muitas pessoas, como um problema “vergonhoso” e que reflete a falta de higiene das pessoas que os contraem!

As mais afetadas por esta praga são e sempre foram as crianças que parecem ser “ímanes” para os piolhos, sendo a escola o seu local de contágio por excelência. A pediculose afeta tanto cabeças limpas como pouco limpas, crianças pobres ou crianças de classe média e alta, cabelos curtos ou compridos. Apesar de ser um problema muitas vezes negligenciado, pode associar-se a consequências graves, tais como: infeções oportunistas bacterianas (ex: estafilocócicas); alterações nos padrões de sono; insucesso escolar; isolamento social; discriminação; diminuição da auto-estima, entre outros.

Este projeto passou a ser parte integrante do programa de saúde escolar, onde a promoção da saúde e a prevenção da doença se devem considerar como estratégias fundamentais, levando os alunos a encontrarem uma solução “harmoniosa” para este problema. As parcerias foram sendo estabelecidas consoante as necessidades.

A identificação da situação-problema e dos problemas parcelares levou à definição das finalidades. Com a utilização de uma metodologia de investigação científica partiu-se para trabalhos de campo, de laboratório e experimentais. Mobilizando os recursos interdisciplinares e abordagens transdisciplinares promoveu-se a ruptura da visão de ensino em que os saberes são apresentados de forma compartimentada, mas sim para uma verdadeira dimensão global e integrada: Ciências Naturais: Foram estudados vários parasitas, nomeadamente o Pediculus humanus capitis e outros que constituem pragas para as plantas. Pesquisaram-se as plantas a partir das quais se poderia extrair as essências, assim como outros componentes que permitissem o equilíbrio da pele, aquando da aplicação da loção; Físico-Química: foram realizados protocolos experimentais e laboratoriais de todo o processo de produção da loção (extracção da essência e produção da loção), com elaboração da ficha de segurança do produto assim como a composição do rótulo, identificando as frases de risco e de segurança; Educação Visual: foram feitos layouts utilizando lettring, cor e imagens com o objetivo de desenvolver o design de um rótulo identificativo da loção, tendo em conta as normas legais necessárias a uma possível comercialização; Estudo Acompanhado: Foi realizada a pesquisa à medida que a loção ia sendo produzida; Matemática: permitiu aplicar cálculos estequiométricos.

O produto final, um Biocida natural com essência de crisântemo – o PioTrin - será apresentado assim como as conclusões finais no dia 8 de junho, na Festa do Agrupamento, aberta a toda a comunidade.

Para os alunos do 9.ºA, turma envolvida neste projeto, foi uma forma diferente de explorar um problema da comunidade e tentar encontrar a melhor solução… Numa aprendizagem natural, científica, criativa, estimulante, significativa, exigente e promotora da interajuda. A cultura científica dos alunos é cada vez mais necessária na sua formação para a cidadania, na medida que promove ainda o desenvolvimento de atitudes, como o espírito crítico, o pensamento lógico e a intervenção social
responsável.

Muitas vezes as hipóteses formuladas não foram as mais corretas e o projeto foi reajustado sempre que necessário. Assim, para uma sociedade exigente, plena de múltiplos desafios, em constante mudança e inovação, foi o contributo para a qualidade de vida coletiva e de cada cidadão em particular.